"Juca Pirama".

Gonçalves Dias publicou Últimos Cantos em 1851 obra em que se encontra o poema "I – Juca Pirama".
Esta obra é considerada pelos críticos como um dos mais elaborados poemas do Romantismo brasileiro.
PS: l –Juca Pirama. traduzido literalmente da língua tupi equivale em português a àquele que há de ser morto e, como veremos este é o grande tema da obra. 
Personagens
I – JUCA PIRAMA
típico herói romantizado, perfeito, sem mácula que desperta bons sentimentos no homem burguês leitor 
O VELHO TUPI
simboliza a tradição secular dos índios tupis. É o pai de I – Juca Pirama
OS TIMBIRAS
índios ferozes e canibais
O VELHO TIMBIRA
narrador e personagem ocular da estória 

Enredo
Neste momento faço a citação de uma síntese muito bem - elaborada pelo prof. Deneval S. Azevedo Filho:
Um "eu narrador " conta as lembranças de um velho índio Timbira que, também com status de narrador, num clima trágico e lírico, narra a história do último guerreiro tupi l-Juca-Pirama_ remanescente de sua tribo em conjunto ao pai, um velho chefe guerreiro cego e doente. 
O herói tupi é feito prisioneiro pelos Timbiras, guerreiros ferozes e canibais. Antes de ser morto, do guerreiro tupi é exigido que entoe o seu canto de morte, cantando seus leitos, sua bravura e suas aventuras, pois a sua coragem de guerreiro e a sua honra - acreditavam os Timbiras - passariam para todos que, depois do rito de morte, comessem as partes do seu corpo. 
I-Juca-Pirama conta sua história, fala de sua bravura, das tribos inimigas, das suas andanças, de lutas contra Aimorés, mas, pensando no pai cego e doente, velho e faminto, sem guia, pede que o deixem viver. ("Deixai-me viver! - canto IV).
Seu ato é interpretado como covardia e o chefe dos Timbiras ordene que o soltem (Soltai-o – canto V ) e depois de ouvir o guerreiro, ordena-lhe: "És livre; parte.".
O guerreiro tupi promete-lhe que voltará depois da morte do pai. 
No canto VI, de volta ao pai, o herói, que foi preparado para o ritual, conversa com o pai cego que sente o cheiro forte das tintas que haviam sido passadas no corpo do prisioneiro, tintas próprias dos rituais de sacrifício. 
Destarte pergunta ao filho: 
• _"Tu prisioneiro, tu?". E ao ficar sabendo pelo próprio filho o que acontecera, desconhecendo o verdadeiro motivo de sua volta (zelar pelo pai doente), o velho leva-o de volta aos Timbiras e o maldiz, rogando-lhe pragas e desejando-lhe que nem a morte o receba. 
O filho reage e resolve mostrar que não é covarde. Grita "Alarma! alarma" o seu grito de guerra. O velho escuta, tomado de súbito pela reação do filho que luta bravamente, golpeando inimigos e destruindo a tribo timbira até que o chefe lhe ordena "Basta!".
A honra do herói é então recuperada. Chorou pelo pai o moço guerreiro. E ao ser mal interpretado lutou como um bravo "valente e brioso".
Realmente é uma bela estória, não é mesmo? Certamente você já deve ter visto filmes hollywoodianos com um enredo bem menos criativo. 
No Brasil acredita-se que a alta cultura não é acessível ao popular e desta forma surge uma descriminação às avessas_ de baixo para cima. O leitor no Brasil recebe alcunha de alienado e pasmem_ ignorante de sua própria realidade!
Observe como a estória descrita acima é de um enredo extremamente popular, para não dizer até apelativo. 
Como é claro compreender que o aluno é um agente de mudanças, carecemos que você leia a obra para que possa vivenciar o quão grandiosa é a arte brasileira.
Bem, continuemos a tratar do resumo:

• TEMA
O índio adequado a um forte sentimento de honra, simboliza a própria força natural do ameríndio, sua alta cultura acerca de seu povo representado no modo como este acata o rígido código de ética de seu povo.
O índio brasileiro é um clone do cavaleiro medieval das novelas européias românticas como as de Walter Scott.

• ENREDO E CANTOS 
O poema nos é apresentado em dez cantos, organizados em forma de composição épico – dramática. Todos sempre pautam pela apresentação de um índio cujo caráter e heroísmo são salientados a cada instante. 
Há muita musicalidade haja visto o título acima ( Cantos ) por isto o vestibulando deve sempre estar atento para as medidas poéticas ( decassílabos e alexandrinos ) isto poderá ser tema de questão no vestibular.
Veja abaixo uma tabela auto - explicativa de cada canto:
Cantos em ordem numérica Enredo
CANTO 1 Apresentação e descrição da tribo dos Timbiras
CANTO 2 Narra a festa canibalística dos timbiras e a aflição do guerreiro tupi que será sacrificado.
CANTO 3 Apresentação do guerreiro tupi – I – Juca Pirama
CANTO 4 I- Juca Pirama aprisionado pelos Timbiras declama o seu canto de morte e pede ao Timbiras que deixem-no ir para cuidar do pai alquebrado e cego.
CANTO 5 Ao escutarem o canto de morte do guerreiro tupi, os timbiras entendem ser aquilo um ato de covardia e desse modo desqualificam-no para o sacrifício.
CANTO 6 O filho volta ao pai que ao pressentir o cheiro de tinta dos timbiras que é específica para o sacrifício desconfia do filho e ambos partem novamente para a tribo dos timbiras para sanarem ato tão vergonhoso para o povo tupi
CANTO 7 Sob alegação de que os tupis são fracos, o chefe dos timbiras não permite a consumação do ritual.
CANTO 8 O pai envergonhado maldiz o suposto filho covarde
CANTO 9 Enraivecido o guerreiro tupi lança o seu grito de guerra e derrota a todos valentemente em nome de sua honra
CANTO 10 O velho Timbira ( narrador ) rende-se frente ao poder do tupi e diz a célebre frase: "meninos, eu vi"

• NARRATIVA
Foco narrativo em terceira pessoa.

• CRÍTICA
Como a obra é indianista e é muito fácil caracterizar isto pelo léxico utilizado, o aluno não terá o que temer para identificar o estilo na hora da prova_ vale ressaltar a musicalidade dos versos que é uma característica típica de Gonçalves Dias.
O poema I–Juca Pirama nos dá uma visão mais próxima do índio, ligado aos seus costumes, convenhamos dizer que ainda é muito idealizado e moldado ao gosto romântico.
O índio integrado no ambiente natural, e principalmente adequado a um sentimento de honra, reflete o pensamento ocidental de honra tão típico das novelas de cavalaria medievais_ é o caso do texto Rei Arthur e a Távola Redonda.
Para melhor explicitar o exposto acima, citamos na íntegra fragmento do comentário feito em Literatura Comentada - Gonçalves Dias, da Abril, p. 1011
Se os europeus podiam encontrar na Idade Média as origens da nacionalidade, o mesmo não aconteceu com os brasileiros.
 

Provavelmente por essa razão, a volta ao passado, mesclada ao culto do bom selvagem, encontra na figura do indígena o símbolo exato e adequada para a realização da pesquisa lírica e heróica do passado.
O índio é então redescoberto.
Embora sua recriação poética dê idéia da redescoberta de uma raça que estava adormecida pela tradição e que foi revivida pelo poeta.

O idealismo, a etnografia fantasiada , as situações desenvolvidas como episódios da grande gesta heróica e trágica da civilização indígena brasileira, a qual sofre a degradação do branco conquistador e colonizador, têm na sua forma e na sua composição reflexos da epopéia. da tragédia clássica e dos romances de gesta da Idade Média.
Assim o índio que conhecemos nos versos bem elaborados de Gonçalves Dias é uma figura poética, um símbolo.
Gonçalves Dias centra I – Juca Pirama num estado de coisas que ganham uma enorme importância pela inevitável transgressão cometida pelo herói, transgressão de cunho romanesco (o choro diante da morte) que quando transposta a literatura gera uma incrível idealização dos estados de alma.
Como exemplo, podem-se citar as reações causadas pelo "suposto medo da morte". Com isso, o autor transforma a alma indígena em correlativos dos seus próprios movimentos, sublinhando a afetividade e o choque entre os afetos: há uma interpenetração de afetos (amor. ódio, vingança etc.) que estabelece uma harmonia romântica entre o ser que esta sendo julgado e a sua natureza ~ a natureza indígena, com a consequente preferência pelas cenas e momentos que correspondem ao teor das emoções. 
Daí as avalanches de bravura e de louvor à honra e ao caráter.

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